Por Rafael Mendes
O professor da área de CNTec do Instituto Politécnico da UFRJ em Cabo Frio, Denis Scaringi, é um dos responsáveis pela Equipe Albatroz e veio ao Polo Náutico especialmente para uma conversa rápida com a nossa equipe na manhã do dia 24 de setembro. Denis é graduado em Engenharia de Materiais pela UFRJ.
Equipe Desafio Solar Brasil: Gostaríamos de começar conhecendo um pouco a instituição à qual a equipe pertence. Poderia descrever em linhas gerais o que é o Instituto Politécnico da UFRJ em Cabo Frio?
Denis Scaringi: O Instituto funciona em Cabo Frio desde 2008, quando começou apenas com turmas de 6º ano (antiga 5ª série) e 1ª série (antigo 1º ano). As diferenças do Instituto Politécnico para as demais instituições são as disciplinas de caráter naval e a divisão do ensino em 5 áreas: CNTec (Construção Naval e Tecnologias), RS (Relações Sociais), que engloba História e Geografia, PDAT (Práticas Desportivas Aquáticas e Terrestres), PCSA (Programa de Comunicação Social e Artes), que engloba História, Português e Filosofia, e CA (Ciências Ambientais), que engloba Química e Biologia. Para que os alunos obtenham experiência prática no que estudam, nós realizamos projetos práticos, sendo um por bimestre.
EDSB: Tratemos agora da equipe em si. Quem compõe a Equipe? Alunos, professores? Todos têm relação com a instituição? Quais são os nomes dos integrantes e quem é o piloto?
DS: Eu e o Prof. Gaúcho estamos supervisionando o trabalho da equipe, formada também por 18 alunos do Instituto. Nós realizamos um processo de inscrição entre eles, que gerou mais interessados do que nós esperávamos. Foram 24 alunos inscritos no total. Para selecionar os integrantes da equipe, utilizamos como critério o empenho de cada aluno no projeto e suas notas nas disciplinas regulares, incentivando os alunos tanto no projeto quanto nos estudos. Nossos pilotos serão os alunos Iago e Matheus, que irão revezar o barco.
EDSB: Os integrantes da equipe já têm alguma experiência prévia em competições náuticas?
DS: Nos situamos em Cabo Frio, uma cidade litorânea, então a ligação dos estudantes com o mar já é natural. Também devido às atividades proporcionadas pelo Instituto, a maioria dos nossos alunos já apresenta alguma experiência. Eles contam inclusive com o exemplo e o auxílio do Prof. Israel e do Prof. Grego, ambos velejadores experientes.
EDSB: A equipe utilizará os equipamentos cedidos pelo Polo Náutico ou conseguiu adquirir os seus próprios? Neste caso, como isto se deu? Por meio de patrocínios, apoios…?
DS: Utilizaremos o Catamarã, as baterias e o motor cedidos pelo Polo Náutico UFRJ. Conseguimos apoios de algumas empresas locais que cederam os materiais necessários para a construção do barco, como fiação e cabos de aço. Nossos alunos também estão auxiliando na captação de recursos realizando rifas, nas quais sorteiam modelos de nautimodelismo produzidos e doados para o Instituto pelo Prof. Gaúcho.
EDSB: O que foi realmente um desafio para a Equipe? Quais foram os principais problemas ou contratempos?
DS: Nossas principais dificuldades foram a falta de recursos, que nos obrigou a pensar em alternativas para realizar o projeto, o pouco tempo para montar o barco e a infraestrutura limitada que nós temos. Nosso local de trabalho não se compara a um Polo Náutico. Outro problema é relacionado aos próprios alunos, pois a realização do projeto do barco solar é uma atividade extracurricular, tendo, portanto, que ser realizada à tarde. Os alunos, porém, não podem trabalhar sem supervisão, e os professores realizam reuniões justamente na parte da tarde. Além disso, as refeições do Instituto não dão vazão à grande quantidade de alunos que possuímos atualmente.
EDSB: Como surgiu a ideia de participar do Desafio Solar Brasil? Como o evento chegou ao conhecimento da equipe e de quem partiu a iniciativa?
DS: O Prof. Fernando Amorim visita com frequência o Instituto. Em uma dessas visitas, em conversa com o Prof. Noob João da Cruz, ele nos informou do Desafio Solar e sugeriu que participássemos. Era uma decisão difícil devido às dificuldades já citadas, mas a maior motivação proveio justamente dos alunos do Instituto. Tentamos sempre levar em consideração as opiniões deles, desde que seja viável. Explicamos a eles as dificuldades, mas insistiram em participar mesmo assim.
EDSB: Qual o objetivo da instituição ao participar do Desafio Solar Brasil?
DS: É uma boa oportunidade de dar aos nossos alunos experiência em uma competição e de colocar em prática o que aprendem no Instituto. É também uma motivação para eles nos estudos e de mostrar empenho, de forma que estes alunos passam agora mais tempo conosco no Instituto.
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O Instituto Politécnico da UFRJ se localiza na Praia do Siqueira, em Cabo Frio. No dia 8 de setembro, os 18 alunos integrantes da Equipe Albatroz visitaram o Polo Náutico da UFRJ, na Ilha do Fundão, para se ambientarem com a produção naval. Segundo Denis Scaringi, eles saíram de lá empolgados e determinados a participar do Desafio Solar Brasil.