Entrevista com Marília Freire, da Equipe Barco Solar UFSC

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Por Rafael Mendes

A Equipe Barco Solar UFSC, da Universidade Federal de Santa Catarina, cedeu à nossa equipe uma breve entrevista no dia 24 de setembro. A dificuldade de realizar a entrevista imposta pela distância geográfica foi suplantada pela tecnologia, de modo que a coordenadora da equipe, Marília Freire, pôde conversar conosco via internet.

Equipe Desafio Solar Brasil: Vamos começar falando da equipe propriamente dita. Quem compõe a Equipe Barco Solar UFSC? Todos têm vínculos com a UFSC?

Marília Freire: Todos os integrantes são ligados à UFSC. A maioria da equipe é da graduação, de diversos cursos e nós temos um professor orientador, chefe de departamento da Engenharia Mecânica, o Prof. Orestes Alarcon. Nós dividimos a equipe em 4 áreas:

Projeto Mecânico, composto por André Sahlit, Francisca Leite, Gabriel Nunes e Thiago Dickmann, todos graduandos em Engenharia Mecânica, Arthur Secato, graduando em Engenharia de Produção Mecânica e Paulo Lucas Figueiredo, da Engenharia Civil;

Projeto Elétrico, composto por Danilo Franco, Lucas Nascimento, Paulo Henrique e Rodney, todos graduando em Engenharia Elétrica e eu também pertenço a essa equipe, sou graduanda em Engenharia de Produção Elétrica;

Estratégia, onde temos o Paulo Lucas Figueiredo, da Engenharia Civil, novamente;

Contato com Patrocinadores, pelo que o Paulo Lucas é também responsável.  Ele também dá opinião na mecânica, na elétrica, vai atrás de tudo… Ele faz de tudo!

EDSB: E quanto ao piloto? A equipe já tem um escolhido?

MF: Então. É o Paulo Lucas. Ele faz tudo mesmo!

EDSB: Os integrantes da equipe já têm alguma experiência prévia em competições náuticas?

MF: Não, mas a equipe de modo geral tem uma identificação boa com o mar, afinal estamos em Floripa, a maioria surfa e o Prof. Orestes se interessa muito por assuntos náuticos.

EDSB: E Como é a experiência de coordenar uma equipe tendo ainda pouca experiência?

MF: Está sendo uma experiência interessante coordenar mais de 10 pessoas. Dizem que é difícil coordenar mais de 3 pessoas em uma empresa… Está sendo um desafio engrandecedor, com certeza, mas o pessoal é bem pró-ativo, não é muito difícil coordenar essa equipe. O pessoal é show de bola.

EDSB: A equipe utilizará os equipamentos cedidos pelo Polo Náutico?

MF: Pegamos apenas cascos e módulos do Polo Náutico. Vamos importar os motores, que ainda não chegaram. Faltam também ainda alguns itens da parte elétrica.

EDSB: O que foi realmente um desafio para a Equipe Barco Solar UFSC? Quais foram os principais problemas ou contratempos?

MF: Falta de patrocínio. Nós temos pouca experiência nisso, estamos apanhando bastante para conseguir recursos. Conseguimos apenas os apoios da EMPTY, da ÓPTIMA e da V2COM. A maior parte dos recursos está vindo dos departamentos de dentro da universidade. Às vezes sobra verba de uma pesquisa ali e outra aqui… É com isso que estamos nos virando, mas ainda não conseguimos patrocínio para muita coisa. Só conseguimos verba para os motores nessa semana e eles talvez não cheguem a tempo. Se eles não chegarem: não tem barco. Conhecimento, força de vontade e comprometimento, nós temos… O que falta é dinheiro!

EDSB: O projeto obviamente envolve conhecimentos náuticos e não há – pelo menos ainda não – graduação em Engenharia Naval pela UFSC. A ausência de estudantes da área na equipe foi também uma grande dificuldade?

MF: Sim. Essa parte foi elaborada pelo pessoal da mecânica e de materiais. Não foi fácil, mas eles mandaram bem.

EDSB: Como surgiu a ideia de participar do Desafio Solar Brasil? Como o evento chegou ao conhecimento da equipe e de quem partiu a iniciativa?

MF: A Anne Lyrio, do Polo Náutico da UFRJ, veio à UFSC como palestrante e falou sobre o Desafio Solar. O prof. Orestes Alarcon se interessou e na mesma hora e convocou os presentes a formarem uma equipe. Eu estava presente na segunda palestra da Anne e o prof. Orestes falou que precisava ainda de pessoas da elétrica e de um coordenador para a equipe. Como eu faço Engenharia de Produção Elétrica e pertenço ao LabSolar, não tinha como dizer não. Isso aconteceu em março. Em abril já tínhamos uma equipe com reuniões regulares e muitas ideias na cabeça.

EDSB: Poderia dar uma ideia geral do que é o LabSolar?

MF: O LabSolar – Laboratório de Energia Solar – é ligado ao LabEEE – Laboratório de Eficiência Energética em Edificações. Somos coordenados pelo prof. Ricardo Rüther, da Engenharia Civil, um grande entusiasta da energia solar. Temos projetos bem relevantes, como o 2KWp, o primeiro sistema solar fotovoltaico do Brasil interligado a um prédio e à rede pública. Semana passada o sistema completou 12 anos, trabalhando ininterruptamente.

Outro projeto interessante do LabSolar é o carro elétrico, que serve para o transporte interno da universidade em substituição às tobatas, que além de barulhentas são poluentes (funcionam com combustível fóssil). Estes carros possuem um motor elétrico alimentado por um banco de baterias assistido por energia solar proveniente de painéis fotovoltáicos instalados em cima do carro. Além disso, os painéis ajudam a manter a tensão da bateria constante, mesmo quando não estão expostos ao sol. A queda de tensão da bateria reduzia ainda mais a autonomia do veículo, antes dos painéis serem acoplados.

Temos ainda a moto elétrica, que funciona de modo diferente. O motor elétrico é alimentado por uma bateria que fica no próprio veículo, mas esta é alimentada por um outro banco de baterias, carregado por energia solar, localizado em nosso “posto solar”.

EDSB: Qual o objetivo da UFSC ao participar do Desafio Solar Brasil?

MF: O prof. Orestes tem um perceptível interesse pela área naval. Quanto à parte elétrica, nos chama a atenção a energia solar. É interessante para o LabSolar participar de eventos onde há estudo e divulgação desta tecnologia. E logicamente, se ficarmos numa boa posição é ponto positivo para a universidade, que nos forneceu todo este conhecimento.

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A equipe mantém um blog com as novidades do projeto e disponibiliza contatos para possíveis novos apoios ou patrocínios. Além de verbas da própria universidade, a equipe conseguiu angariar os apoios da EMPTY, que cederá as camisetas, da OPTIMA, que cederá as baterias, e da V2COM, que se responsabilizará pela comunicação da equipe, que espera conseguir ainda mais colaboradores.

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