Entrevista com Antônio F. C. Arapiraca, da Equipe Solaris

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Por Rafael Mendes

Novamente a tecnologia nos auxilia e nos dá possibilidades. Dessa vez, a internet encurtou a distância entre Cabo Frio e Rio de Janeiro, possibilitando ao Prof. Antônio F. C. Arapiraca, representante da Equipe Solaris, conversar um pouco conosco:

Equipe Desafio Solar Brasil: Gostaríamos de começar conhecendo um pouco a instituição à qual a equipe pertence. Poderia descrever em linhas gerais o que é o IFF?

Antônio Arapiraca: O atual Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Fluminense é o antigo CEFET Campos, instituição consolidada e que completa neste ano 100 anos de educação técnica e profissional. Atualmente temos o hercúleo dever de fornecer ensino médio, técnico, superior, pós-graduação e atividades de extensão. Nosso instituto entra na sua maturidade com desafios bem interessantes e estamos focados institucionalmente no sentido de dar conta de todos eles. A equipe Solaris vem do campus Cabo Frio, um campus que completa 1 ano de existência agora no mês de outubro, portanto o Desafio Solar Brasil tem um significado especial para o nosso campus e temos um esforço coordenado real no campus em prol de uma boa participação no desafio. No campus Cabo Frio fornecemos os cursos técnicos de Petróleo e Gás, Eletromecânica, Hospedagem e Guia de Turismo. Além disso, oferecemos uma licenciatura em Ciências com habilitações em Física e Química, uma pós-graduação lato sensu gratuita em Ensino de Ciências. Temos em fase de planejamento uma pós-graduação em Educação de Jovens e Adultos que será tocada em conjunto com a prefeitura municipal de Armação dos Búzios. Temos também uma iniciativa de qualificação de profissionais do setor de pesca, um grande projeto de nossa instituição aprovado com uma boa destinação de verbas federal.

EDSB: Tratemos agora da equipe em si. Quem compõe a Equipe Solaris e quem será o piloto?

AA: A nossa equipe é majoritariamente composta por alunos do curso técnico em eletromecânica, temos também alguns integrantes da licenciatura em ciências naturais com habilitações em física e em química. Na verdade, na última semana fomos surpreendidos com um pedido inusitado de nossos alunos. Eles refletiram de forma autônoma e propuseram que, já que todas as atividades relacionadas ao projeto tinham a ver com as disciplinas por eles cursadas, que as aulas fossem suspensas e que eles ficassem em tempo integral focados no projeto e que os professores os avaliassem a partir da dinâmica do projeto. Bem, nossa pedagoga Cátia Cristina Ramos e Nossa Gerente de Ensino Professora Ana Campinho vibraram com a idéia e como num passe de mágica temos todos os professores focados nesse projeto e os estudantes estão trabalhando em 3 turnos para dar conta do recado. Em suma, a coisa evoluiu de um projeto tecnológico para um projeto pedagógico também. Portanto nossa equipe atualmente conta com 38 estudantes. Isso é toda a turma de eletromecânica e mais alguns da licenciatura, mas trabalharemos com uma equipe de no máximo 20 integrantes em Paraty. Bem, dá pra imaginar as dificuldades logísticas de coordenar tanta gente, mas estamos indo bem. E podemos garantir que todos estão efetivamente envolvidos porque agora vale nota de avaliação. Os que trabalham durante o dia e que só tinham a noite para ir às aulas estão tendo a chance de participar de um projeto desta envergadura. Isto tem nos deixado vibrantes. Ter este barco na água já será nossa maior vitória, mas confesso que pretendemos ser competitivos também.

Deste modo temos uma coordenação técnica colegiada dividida entre os professores Antônio Arapiraca(Físico), Carlos Eduardo Robalo(Engenheiro Mecânico e nosso Coordenador de Extensão), Damião Almeida(Engenheiro Eletricista), Sydnei Pereira da Rosa(Engenheiro Eletrônico), Flávio Feliciano Felix(Engenheiro Mecânico).

Temos a nossa assessora de comunicação Mônica Gonçalves(Jornalista) cuidando eficientemente da comunicação e inclusive já tivemos várias aparições interessantes na mídia, o que ajuda a divulgar o evento. Agora temos a nossa pedagoga Cátia Cristina Ramos cuidando de articular com os professores as formas de abordagens em torno do projeto.

Nosso marinheiro será o estudante Edilson Brasileiro, o mesmo tem 46 anos, e tem tido a oportunidade de demonstrar na instituição o seu potencial, essa heterogeneidade de idade da equipe que vai dos 17 aos 46 tem produzido efeitos surpreendentes. O Edilson tem experiência em vela e em manejo de barcos. Teremos um piloto reserva chamado Paulo de Tarso, o mesmo é surfista experiente e tem habilitação profissional para condutor de barcos.

EDSB: Os integrantes da equipe já têm alguma experiência prévia em competições náuticas?

AA: Bem, tirando o Edilson Brasileiro e o Paulo de Tarso, que tem alguma experiência relacionada ao mar, ninguém entendia nada de barcos. Estamos aprendendo muito com esse projeto. Mas nós aprendemos muito rápido!

EDSB: A equipe utilizará os equipamentos cedidos pelo Polo Náutico ou captou patrocínios, apoios…?

AA: Usaremos os catamarãs cedidos pelo Polo Náutico e as baterias e os painéis solares cedidos através do financiamento FINEP que a organização do evento conseguiu. Bem, em nossa estimativa superficial isso dá quase 30 mil reais de financiamento. Portanto estamos investindo algum recurso próprio como contrapartida. A nossa instituição vê esse tipo de projeto como estratégico, faz parte de nossa intervenção na sociedade apoiar essas iniciativas. Para nós o recurso que vamos investir é pouco para o ganho educacional e tecnológico que teremos. Obviamente que temos limites orçamentários e estamos buscando o comércio local na tentativa de sensibilizar sobre o papel de ter o nome da Costa do Sol vinculado ao projeto. Aliás, como atendemos alunos de Cabo Frio, Búzios, Arraial do Cabo, Araruama, São Pedro da Aldeia e de Iguaba Grande nosso barco foi batizado de Costa do Sol. Até o momento não temos nenhum patrocínio, mas estamos buscando parcerias. Como pensamos esse projeto como algo de longo prazo, sabemos que com resultados poderemos conseguir melhores apoios. Foi assim que a Equipe A9 da UFRJ com o barco Copacabana conseguiu viabilizar esse Desafio Solar Brasil. Com resultados!

EDSB: O que foi realmente um desafio para a Equipe Solaris?

AA: Todos os dias tem sido um desafio, temos acordado cedo e dormido tarde. Temos já soluções interessantes implementadas e outras a implementar. Fizemos opções conservadoras de projeto e estamos sendo cuidadosos com detalhes. Isso nos deixa um pouco lentos, mas nos deixa consistentes para ir aprendendo. Nossa falta de habilidade em engenharia naval foi compensada com uma forte assessoria técnica prestada pelo Polo Náutico da UFRJ, eles tem protagonizado com diversas equipes uma efetiva transferência de tecnologia e de conhecimento. Acho que teremos um belíssimo espetáculo em Paraty!

EDSB: Como surgiu a ideia de participar do Desafio Solar Brasil? Como o evento chegou ao conhecimento da equipe e de quem partiu a iniciativa?

AA: Bem, no dia 6 de março de 2009 o presidente Lula veio inaugurar nossa unidade e após as solenidades numa conversa com o professor Fernando Amorim eu coloquei meu interesse em aprender vela e que queria desenvolver um projeto educacional sobre a física dos esportes náuticos. Já tínhamos algum contato porque o Polo náutico da UFRJ e o projeto UFRJ Mar em Cabo Frio tem sido parceiros de primeira hora do IFF campus Cabo Frio. E como é típico do Fernando, ele sempre saca uma boa ideia do bolso. Confesso que fiquei excitadíssimo com a ideia e ele já tinha comentado algo com nosso diretor César dias. Daí pra frente, hesitei um pouco porque era um terreno árido para todos nós no IFF, mas Fernando manteve a insistência e a cada dia nos mostrava a importância de nossa participação. Fique tão empolgado no princípio que comentei com os alunos e eles passaram cada dia dos meses subsequentes perguntando quando começava o projeto. Aí não tinha jeito, tínhamos que entrar. Bem, ele (o Fernandão!) estava certo e agora temos um projeto institucional e tanto funcionando. Logo, a ideia da gente participar partiu do Fernando Amorim.

EDSB: Qual o objetivo do IFF ao participar do Desafio Solar Brasil?

AA: O IFF tem aparecido bem nos indicadores educacionais, mas obviamente que o que importa para nós é o trabalho que é feito para sustentar essas boas colocações. Comemoro 1 ano de IFF juntamente com o campus Cabo Frio. A exceção de nosso diretor César dias, de nossa gerente de ensino Ana Lúcia Campinho e de alguns poucos funcionários técnicos administrativos, todo o corpo docente e de funcionários iniciou no dia 01 de outubro de 2008 no IFF. O que vemos menos de 1 ano depois chega a ser surpreendente. Nossa participação nessa competição já é uma vitória, mas temos também o interesse educacional e científico. Para nós, as células solares irão incrementar nossas atividades de ensino. Além disso, já tínhamos planos de iniciar um grupo de pesquisa em energias alternativas. Na verdade, temos uma perspectiva modesta quanto a resultados, mas com certeza esse projeto será perene em nossa instituição. Queremos que atividades de ensino e de pesquisa orbitem em torno de iniciativas como essa.

Solaris

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